1940: o ano em que o (bi)campeonato "pingou" para o FC Porto na casa do Benfica

A 19 de maio de 1940, o FC Porto assegurou a conquista do campeonato nacional na última jornada da prova, graças à vitória conseguida na deslocação ao terreno do Benfica, com o Sporting à espreita de uma escorregadela portista.

O segundo Campeonato Nacional de Futebol, o de 1939/40, começara de forma agitada: o campeão em título FC Porto fora relegado - administrativamente - para o terceiro lugar do Campeonato Regional do Porto, o que acarretaria a sua exclusão do Campeonato Nacional (que só tinha dois representantes da Associação de Futebol do Porto).
Perante o escândalo que o caso provocou, a Federação Portuguesa de Futebol usou um recurso que mais tarde utilizaria diversas vezes: promoveu o alargamento do campeonato de oito para dez equipas, pelo que o FC Porto foi repescado.

E a equipa campeã nacional, novamente treinada pelo seu antigo guarda-redes Mihaly Siska, levou a benesse a peito, vencendo os seus primeiros 13 encontros do campeonato. A primeira derrota dos portistas aconteceria somente no último minuto da jornada 14, na complicada deslocação a casa do Sporting, o Lumiar, onde perderam por 4-3.

Depois disso, os leões deram luta aos azuis e brancos mesmo até à última jornada, à qual chegaram com apenas menos um ponto do que o Porto, que até aí vencera 16 dos 17 encontros disputados. Mas no encerramento do campeonato, a missão do Porto era extremamente dura: deslocava-se ao Campo das Amoreiras, do Benfica, onde na época anterior perdera por 4-1 para a liga e por 6-0 para a Taça de Portugal.

Aos portistas bastava um empate mas, como acontecera no famoso jogo da Taça, o ambiente que os esperava no recinto dos encarnados era terrível, para o que muito contribuía o corte de relações entre os dois clubes e a presença de muitos adeptos do Sporting, por uma vez aliados do Benfica. Diz-se mesmo que, nas Amoreiras (campo que seria pouco depois demolido para a construção do Viaduto Duarte Pacheco), havia mais bandeiras do FC Porto e do Sporting do que do Benfica.

Nessa tarde de 19 de maio de 1940, valeu ao Porto a inspiração de um dos seus mais míticos jogadores de sempre, o madeirense Artur de Sousa, conhecido por "Pinga", que marcou dois golos e fez a diferença, numa partida em que os portistas estiveram sempre na frente, acabando por vencer por 3-2. Neste jogo, como em todo o campeonato, além de "Pinga", foi também decisiva a qualidade dos dois avançados jugoslavos do FC Porto, Kordnya (melhor marcador da prova com 29 golos) e Petrak. Igualmente de excelente nível era o guarda-redes húngaro Bélla Andrasik (de quem se diz ter sido espião antinazi), que não alinhou neste encontro.

 A vitória foi festejada euforicamente por centenas de adeptos portistas que se deslocaram à capital num comboio especial e por muitos milhares que acompanhavam o jogo via rádio, na cidade invicta. Mal sabiam eles que só voltariam a celebrar um título nacional 16 anos depois, em 1956.

Fonte da notícia: TSF

Comentários

Mensagens populares