O "vilão" João Vale e Azevedo ou uma mentira contada muitas vezes.

 

"Benfica tinha desaparecido se eu não aparecesse"







Vale e Azevedo diz que ainda hoje existe no Benfica "tudo aquilo de bom e de muito bom que se fez e que se tenta escamotear", quando esteve na presidência. "Não havia dinheiro nem para o autocarro sair da Luz".

João Vale e Azevedo, a aguardar em Londres decisão do processo de extradição para Portugal, afirmou que o "Benfica tinha desaparecido completamente" se não tivesse assumido a presidência do clube, em novembro de 1997.


O ex-presidente do Benfica disse, em entrevista à agência Lusa, que o clube "ainda hoje existe" por "tudo aquilo de bom e de muito bom que se fez e que se tenta escamotear", depois de ter perdido para Manuel Vilarinho nas eleições de outubro de 2000.

"A verdade é que deixei o Benfica estabilizado, sem dívidas à banca, sem dever um escudo, com as dívidas à Segurança Social e ao Fisco regularizadas, a começarem a ser pagas, e com uma redução substancial do passivo, que, hoje, é qualquer coisa astronómica", afirmou Vale e Azevedo.

"FINANÇAS EQUILIBRADAS A FUNCIONAR E O PATRIMÓNIO QUE EU VENDI FOI MUITO INFERIOR À DELAPIDAÇÃO TOTAL QUE FOI FEITA AGORA"

Vale e Azevedo, de 55 anos, lembrou que, quando assumiu a presidência do clube, "não havia dinheiro nem para o autocarro sair da Luz" e negou que tenha delapidado o património do Benfica.

"É completa e total mentira. É a tal mentira que muitas vezes repetida passa a ser tida como verdade. Reduzi substancialmente o passivo e valorizei o património. O clube ficou completamente equilibrado, com as finanças equilibradas a funcionar e o património que eu vendi foi muito inferior à delapidação total que foi feita agora", sustentou.

A residir em Londres desde 2007, o ex-presidente do Benfica salientou que "o clube foi para a frente, as coisas melhoraram muito". "O clube que recebi e o que deixei é uma diferença da noite para o dia", referiu.

Vale e Azevedo recusou que tenha realizado uma gestão presidencialista no Benfica e aludiu "à campanha de destruição" que diz ter-lhe sido movida após ter abandonado o clube.

"UM PRESIDENTE QUE LUTOU CONTRA OS INTERESSES INSTALADOS"

Condenado por burla qualificada e falsificação de documentos em vários processos, Vale e Azevedo afirmou estar convicto de que "o inferno" que viveu desde que foi detido pela primeira vez, em fevereiro de 2001, no âmbito do processo relacionado com burla na venda do guarda-redes russo Ovchinnikov, se deveu à passagem pelo Benfica.

"Tudo isto resulta de eu ter sido presidente do Benfica, mas não um presidente qualquer. Um presidente que lutou contra os interesses instalados, que lutou contra o monopólio dos direitos desportivos, que lutou contra o que passava com os agentes FIFA, com o se passava dos agentes do futebol, da promiscuidade imprensa/agentes e jogadores, da questão dos árbitros, da Liga. Tanta coisa que se lutou na altura e se mudou", disse.

"FUI TRITURADO"

No entender de Vale e Azevedo, "o futebol português mudou" com o seu mandato no Benfica, mas o valor a pagar foi muito alto, como confessou: "Fui triturado não só para que não voltasse, mas também como exemplo para que alguém com o meu estilo, independente, sem estar ligado a nenhum grupo e interesse, volte a fazer o que eu fiz".

Vale e Azevedo encontra-se a aguardar que o High Court (tribunal inglês de segunda instância) decida sobre o terceiro mandado de detenção europeu emitido pelas autoridades portuguesas, que o ex-presidente do Benfica considera "ilegal" e que foi emitido para cumprimento da pena de sete anos e meio por causa de burla e falsificação de documentos em venda de imóvel no Areeiro, em Lisboa.

Advogado de formação, foi condenado em Portugal em vários processos em cúmulo jurídico a 11 anos e meio de prisão, tendo cumprido seis, no caso Ovchinnikov/Euroárea.

O Supremo Tribunal de Justiça fixou em março de 2010 uma pena única de cinco anos e meio de prisão, que Vale e Azevedo diz ter já cumprido, razão porque pediu, em meados do passado, a liberdade condicional, recusada pelo Tribunal de Execução de Penas de Lisboa.

Atualmente, Vale e Azevedo vive em Knightsbridge, um condomínio de luxo de Londres, "sem rendimentos" (foi declarado falido em 2009) e "com muitas dificuldades".

Refutando que tem uma vida de luxo em Londres, disse que vive "de tal modo precário que pediu apoio judiciário" no processo de extradição para Portugal. 




FONTE DA NOTÍCIA: Expresso

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